quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sentido





Não tenho nervos para o que tanto me aflora,
Nem saliva para regar os lábios,
Não tenho pulsos para o sangue que jorra,
ou mesmo lagrimas para rolar na face.
Sigo inerte e frio,
não me aguentam os próprios pés.
No lugar do coração, buraco vazio
eu mesmo a perguntar-me, quem és?

domingo, 31 de março de 2013

Sin nadie!





                   Todos os dias lá pelo fim da tarde, minhas frustrações batem na porta. Abro, e as convido para sentar, ofereço-lhes um chá, e elas começam a contar-me quais de meus sonhos serão desfeitos e quais as expectativas não serão alcançadas, em suma, todos e todas. Ouço-as atento, ostentando minha postura inabalável, sem expressão... Sem emoção. Secam suas xícaras uma a uma, enquanto meu chá amargo esfria. 
                 Após terminarem seu discurso, levantam-se, e eu as levo a porta, me despeço de todas as perdas, e bato a porta injuriado. Dirijo-me ao espelho e atravesso o mar em meu olhar decepcionado, lavo o rosto e me conforto, mais uma vez estou vazio.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dispersão da desventura



Em seus olhos uma fraqueza visceral,
Ludibriando o preludio sarcástico de tua despedida
Em minha carne a órbita dos sonhos
Traduzem tal horror em cântico
Pus os olhos e me desfiz,
Cantei e ri
Quando então cai em prantos
Tuas rimas em meus tímpanos
O titubear de meus nervos aflitos
Na leveza de tua língua,
As palavras desordenadas que minha mente grita
Não sei se dançam
Ou se lutam esgrima
Frente à luz que a meus olhos cega
Em contraponto me produz alivio.
Não sou eu nem tu
És tu sem o meu eu
Vais então com os ais de meus pesares
Decreto luto por tua inexistência
No disparate de meu tumulo vazio
De ambíguo ao reverso
Na fúria de meus mares
Destruindo tua terra fria
Eras o fluído e eu o concreto
Eras a folha de outono e eu o fruto
Sobressaio no entusiasmo do meu ser
Para ver o cortejo de tua morte fúnebre
Esvai-se com o vento
Enquanto acordo de um sonho escuro.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sigilo desver-sado.









O meu português um tanto expressionista, lhe prendeu,
 das palavras um tanto erradas porém bem habituadas a tecer lhe o ego
restam me ainda os suspiros do tremer das vocálicas que tua boca me oferecia,
 as plenas verdades a umedecer minha alma rígida e fria.
Amolecer-se-ia, a bailar no descabido da poesia.
 Das tremulas, nem lhe faço conta,
o delirar de meu deleite no tímido e calado do silêncio,
a descrever as mortes  carnais minhas,
no encaixar de ponteiros de teus fusos
 amarrados no calar da boca minha;
eras o pedaço de algodão bruto a deslizar no meu rosto,
 deitava eu em teu prazer e minha agonia,
onde paro por não mais falar, levaste-me de mim;
sugaste-me.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Explanações acerca de um pseudônimo egoísta.



    Cultuo as imagens de meu pensamento e chego a conclusão de que não preciso de nada além disto.
Achar-me sórdido não me causa desgosto, não me anula nem me leva a frente, tenho em mim verdades absolutas criadas no meu âmago que me satisfazem perfeitamente as ilusões. Eu não gosto mesmo é da realidade restringente, esse concreto paralitico e cheio de moléstias, eu tenho sede  das noites com minhas musas sem rosto, sobre qualquer espaço a que me disponho estar, gosto por que são mudas, jamais poderão me enganar. Prefiro o meu olhar distorcido sobre as injurias  do que a mais bela obra de arte, deixo escorrer meu ódio sobre o vacilo de quem me cruzar. E também não abro mão da  minha lógica, se não existe e todo mundo acredita, não me vale a pena.
     Eu gosto é das coisas únicas, das mãos esquerdas, do tempo que passa sem movimento, do resto do ar que sobra sem ser respirado. Dos meus gostos e dos desgostos tiro meu proveito, preciso sustentar meu vicio de outras vidas dentro da minha. Preciso ter meu palco armado o tempo todo, para que meu show não tenha hora pra começar e nem se dar por findo, preciso que meus personagens sempre estejam prontos para o drama, ou para me alegrar. Não cheiro e nem sinto, o sentir é simplesmente físico, e a minha essência almeja mais, mais do que é possível para seres normais, decidi que não vou me resumir, e decidi isso logo, desde então minha extensão  tomou proporções grandiosas, não caibo mais em um só corpo, preciso de mais tempo pra me encaixar, sempre fica algo de fora, mas busco no meu sumário outras pesquisas necessárias  aos episódios.  Contradigo-me sempre que posso, a confusão é sempre bem vinda, ela é que muda as rotas, os roteiros, mesmo que eu acabe onde comecei, não tenho essa vontade de chegar, aprendi que o percurso pode ser mais lucrativo e que a volta já muda tudo de lugar, de muito me vale os que não entendem suponho serem mais infelizes por que não aprenderam a se usarem, perdão aos puritanos, mas gosto de me sentir feliz em minha superioridade inegável.
     Gosto do que os sonhos me dizem,  torno me mais sensível quando acredito em suas mentiras quando acordo. E para por fim em meu discurso preciso desculpar-me por me abrir, e preciso pedir desculpas por me fechar, ao que minha ausência cause, nos outros não posso saber, em mim satisfação.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Madrugada, serenata da ética soberana.





Tens visto nestes nefastos desagrados,
a sombra da realidade,
o suspeito de que ao certo não se sabe;
Nessas voluptuosas dedicações;
O não querer, se é querido .
Como pontiagudos são, e se assim por definido,
não podeis escapar ao prelúdio receptivo,
Do que não saberás, bem desenvolvido.
Internalizado o quanto que se há por dentro,
O lúdico pensamento vago.
Não haverás de querer o belo e bem amado,
ao som das cantigas, na voz de quem trocará por ti a vida.
Nestes secretos infortúnios que desacreditas.
O árido tão  amargo, desinibido...
Vai se espalhando  e em redores não se contém
Que há de fazer na vergonhosa madrugada,
Dos olhos nus.
Oposto crucial aos tempos perdidos,
carregando a-finda nostalgia...
por este lapso, é que se tem de carregar o fardo
deselegante do sonhar.
E que quando errante, logo acordar.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Antagonia risonha.






Acusa-me a apatia,
se não o fosse, seria eu o mais risonho dos plebeus...
Entre os gorjeios e cantos riria eu das sombras e dos ventos,
Não mais, o posso.
Encontrei meu próprio eu!
Este pesa-me, com o pesar das dores de parto,
e me parto a cada dia por ser eu.
Por me ver acusado dos meus males,
ou por ser rejeitado como sou...
Se não o fosse, então o que seria eu?
De que matéria seria feito?
 Se não de risos desfeitos?